sexta-feira, 17 de maio de 2013



"Com as mãos coladas ao teu rosto e os olhos perdidos nos teus. O meu coração grita e eu sussurro. "Nada nem ninguém, acredita em mim, nada nem ninguém". E tu ouves, sorris... mas não acreditas. Os teus olhos brilham das lágrimas contidas eo rosto pálido ruboriza. "Nada nem ninguém", repito.
Tu e eu. Nascemos das improbabilidades, tu e eu. Filhos de céus e amantes do mar. Fomos criados para sermos tudo menos um do outro. E, no entanto, as minhas mãos têm o tamanho certo para segurar as tuas. Os meus lábios o formato certo para encaixarem nos teus. Contra tudo e todos, encontrámo-nos.
E, de mãos fechadas ao redor do teu rosto, tento que compreendas. "Nada nem ninguém!" Mas tu tens medo que eu esteja errada. Tens medo que eles ganhem essa batalha sem sentido. E semeias o medo no meu peito. Não quero perder-te.
Eu ouço as vozes. Elas dizem que não posso estar contigo. Elas dizem que pertences a outras gentes, a outros mundos que não o meu. Mas o meu coração fala mais alto e a sua voz é mais pura. Tão pura que me sai por entre os lábios e te promete que nada nem ninguém nos pode roubar um do outro.
Por momentos, queria ser poeta. As palavras fogem no vento e restam as minhas mãos cheias de ti e os meus lábios cheios de promessas mudas. Demorei a encontrar-te nos espinhos da vida. Não podem roubar-te de mim. Quero dizer que te amo. Quero dizer que a lua é nossa guardiã e que, de alguma forma, tudo ficará bem. Mas as palavras fogem-me e eles continuam a falar. E tu ouves o que eles dizem. Acreditas. Quem me dera que acreditasses antes em mim.
O nosso amor é a expressão concreta da felicidade. Mas eles invejam-nos e atacam-nos. Não nos compreendem. E nós somos fortes juntos mas eles são mais do que nós e não dormem, não comem, não sonham. Por favor... sonha tu, comigo!
"Nada nem ninguém, nunca!". As palavras, repetidas até à exaustão perdem a força nos teus olhos descrentes. Então, os meus lábios perdem a força de falar e encostam-se aos teus, com ternura. Um beijo quente e leve, cheio de tudo o que as palavras não dizem.
E afastas-me. O teu olhar brilha levemente, enquanto me passas a mão pelos cabelos revoltos. "Nada nem ninguém", repetes. E, de súbito, descubro que é verdade. Descubro que tu sabes que é verdade. E, nesse segundo, não há nada mais certo: podemos lutar contra tudo e nada nem ninguém nos vai destruir. Eles podem ter todas as palavras do universo mas, tu e eu... bem, nós temos o verbo amar."

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